Resenha - Os Noivos do Inverno - A Passa-Espelhos 1
Autora: Christelle
Dabos
Páginas: 416
Ano: 2018
Editora: Morro
Branco
Literatura Internacional
Nota: 4/5⭐
Sinopse:
Vencedor
do Grand Prix de l’Imaginaire.
Honesta
e cabeça-dura, Ophélie não se importa com as aparências. Mas, por baixo de seus
óculos de aros largos e cachecol desgastado, a garota esconde poderes únicos:
ela pode ler o passado dos objetos e atravessar espelhos. A vida tranquila que
leva em Anima se transforma quando Ophélie é prometida em casamento à Thorn,
herdeiro de um distante e poderoso clã.
Agora,
ela terá que deixar para trás tudo o que conhece e seguir seu noivo até Cidade
Celeste, a capital flutuante de uma gelada arca conhecida como Polo. Ali, o
perigo espreita em cada esquina, e não se pode confiar em ninguém. Sem se dar
conta, Ophélie torna-se um peão em um jogo político mortal, capaz de mudar tudo
para sempre.
***
Primeiramente,
que edição linda!
Agora
vamos a história em si. Nesse universo o mundo se partiu e então ficou dividido
em Arcas, onde cada uma tem suas particularidades. Ophélie mora em Anima, arca
onde as pessoas tem a habilidade de dar vida a objetos, e os mais dedicados
como nossa protagonista, conseguem ler o passado dos objetos com apenas um
toque, além disso, ela ainda tem o dom de passar por espelhos e assim pode se
deslocar por pequenas distâncias através deles.
Com
tantos dons, tudo que Ophélie deseja é uma vida tranquila, até que é prometida
em casamento a Thorn, um cara nada amistoso que vem de outra Arca que para
Ophélie é totalmente selvagem.
Ao
se mudar para o Polo, arca onde vive seu noivo ela se vê no meio de pessoas
nada confiáveis, e o que ela pensava que seria apenas um casamento não desejado
é na verdade uma teia de intrigas políticas da qual ela não pode escapar.
Gente!!
Como amei Ophélie, ela não é vaidosa, e não se importa com o que pensam dela,
além de passar por coisas que nós mesmos podemos viver no nosso dia a dia. E
como amei também a crítica que a autora fez a sociedade por meio de uma ficção
fantástica, ela aborda temas sobre diferenças de classe social e a maneira como
os trabalhadores pobres são tratados mal, manipulação política e como o povo é
iludido por falsas promessas, entre outras coisas.
Além
disso, do modo que a autora conseguiu criar personagens que vamos amar, tem
outros que vamos odiar por toda vida.
Sem
dúvida gostei muito dessa leitura, tive pena da nossa protagonista em vários
momentos, mas ela se mostrou forte. A criatividade da autora é incrível e algumas
coisas bem sutis nos ambientes me fizeram lembrar do Castelo de Hogwarts, mas não
posso falar nada para não dar spoilers, espero que ao ler vocês também notem essas
semelhanças.
E como não conseguir evitar, várias citações me chamaram atenção, então trouxe elas aqui para vocês:
“Ophélie
só era boa em ler. Se tirassem isso dela, só restava uma idiota. Ela não sabia
cuidar da casa, nem conversar, nem fazer faxina sem se machucar.”
“Ophélie
parecia tão plácida, atrás de seus óculos retangulares e dos olhos
semicerrados, que era praticamente impossível imaginar as ondas de emoção que
se chocavam com violência em seu peito.”
“Passar
por espelhos exige enfrentar a si mesmo. É preciso ter estômago, sabe, para se
olhar bem nos olhos, se ver como é, mergulhar no próprio reflexo. Aqueles que
escondem o rosto, que mentem para si, que se veem melhores do que são, nunca
conseguiriam.”
“Ela
fez o que fazia de melhor: não falou, não entrou em pânico, não fez o mínimo
gesto que pudesse chamar atenção.”
“Uma
vez tinha lido um livro romântico que a irmã emprestara. Não tinha entendido
nada dessas emoções e achou o livro mortalmente entediante. Era anormal? Seu
corpo e seu coração seriam surdos a esse chamado por toda a vida?”
“Besteira
– retomou mais calmamente. – Existe amor à primeira vista. Na verdade, nós
nunca amamos tanto alguém quanto quando mal os conhecemos.”
“Esquecer
os mortos era como matá-los outra vez.”
“Ophélie
tomou consciência tarde demais do que tinha falado. Nem todas as verdades devem
sempre ser ditas.”
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