Resenha - Os Noivos do Inverno - A Passa-Espelhos 1

by - outubro 31, 2018


Autora: Christelle Dabos
Páginas: 416
Ano: 2018
Editora: Morro Branco
Literatura Internacional
Nota: 4/5⭐
Sinopse:
Vencedor do Grand Prix de l’Imaginaire.
Honesta e cabeça-dura, Ophélie não se importa com as aparências. Mas, por baixo de seus óculos de aros largos e cachecol desgastado, a garota esconde poderes únicos: ela pode ler o passado dos objetos e atravessar espelhos. A vida tranquila que leva em Anima se transforma quando Ophélie é prometida em casamento à Thorn, herdeiro de um distante e poderoso clã.
Agora, ela terá que deixar para trás tudo o que conhece e seguir seu noivo até Cidade Celeste, a capital flutuante de uma gelada arca conhecida como Polo. Ali, o perigo espreita em cada esquina, e não se pode confiar em ninguém. Sem se dar conta, Ophélie torna-se um peão em um jogo político mortal, capaz de mudar tudo para sempre.

***

Primeiramente, que edição linda!
Agora vamos a história em si. Nesse universo o mundo se partiu e então ficou dividido em Arcas, onde cada uma tem suas particularidades. Ophélie mora em Anima, arca onde as pessoas tem a habilidade de dar vida a objetos, e os mais dedicados como nossa protagonista, conseguem ler o passado dos objetos com apenas um toque, além disso, ela ainda tem o dom de passar por espelhos e assim pode se deslocar por pequenas distâncias através deles.
Com tantos dons, tudo que Ophélie deseja é uma vida tranquila, até que é prometida em casamento a Thorn, um cara nada amistoso que vem de outra Arca que para Ophélie é totalmente selvagem.
Ao se mudar para o Polo, arca onde vive seu noivo ela se vê no meio de pessoas nada confiáveis, e o que ela pensava que seria apenas um casamento não desejado é na verdade uma teia de intrigas políticas da qual ela não pode escapar.
Gente!! Como amei Ophélie, ela não é vaidosa, e não se importa com o que pensam dela, além de passar por coisas que nós mesmos podemos viver no nosso dia a dia. E como amei também a crítica que a autora fez a sociedade por meio de uma ficção fantástica, ela aborda temas sobre diferenças de classe social e a maneira como os trabalhadores pobres são tratados mal, manipulação política e como o povo é iludido por falsas promessas, entre outras coisas.
Além disso, do modo que a autora conseguiu criar personagens que vamos amar, tem outros que vamos odiar por toda vida.
Sem dúvida gostei muito dessa leitura, tive pena da nossa protagonista em vários momentos, mas ela se mostrou forte. A criatividade da autora é incrível e algumas coisas bem sutis nos ambientes me fizeram lembrar do Castelo de Hogwarts, mas não posso falar nada para não dar spoilers, espero que ao ler vocês também notem essas semelhanças.

E como não conseguir evitar, várias citações me chamaram atenção, então trouxe elas aqui para vocês:

“Ophélie só era boa em ler. Se tirassem isso dela, só restava uma idiota. Ela não sabia cuidar da casa, nem conversar, nem fazer faxina sem se machucar.”

“Ophélie parecia tão plácida, atrás de seus óculos retangulares e dos olhos semicerrados, que era praticamente impossível imaginar as ondas de emoção que se chocavam com violência em seu peito.”

“Passar por espelhos exige enfrentar a si mesmo. É preciso ter estômago, sabe, para se olhar bem nos olhos, se ver como é, mergulhar no próprio reflexo. Aqueles que escondem o rosto, que mentem para si, que se veem melhores do que são, nunca conseguiriam.”

“Ela fez o que fazia de melhor: não falou, não entrou em pânico, não fez o mínimo gesto que pudesse chamar atenção.”

“Uma vez tinha lido um livro romântico que a irmã emprestara. Não tinha entendido nada dessas emoções e achou o livro mortalmente entediante. Era anormal? Seu corpo e seu coração seriam surdos a esse chamado por toda a vida?”

“Besteira – retomou mais calmamente. – Existe amor à primeira vista. Na verdade, nós nunca amamos tanto alguém quanto quando mal os conhecemos.”

“Esquecer os mortos era como matá-los outra vez.”

“Ophélie tomou consciência tarde demais do que tinha falado. Nem todas as verdades devem sempre ser ditas.”

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